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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

HISTÓRIA DAS RELIGIÕES NA ANTIGUIDADE GREGA E ROMANA

Desde quando se pode falar em História das Religiões? Uma resposta adequada é há cerca de .500 anos. Mircea Eliade (1992) expõe que pode-se constatar uma primeira manifestação de interesse pela História das Religiões na Grécia clássica, no século 5º a.C.

Os gregos, nos seus relatos de viagens, intercalavam descrições dos cultos estrangeiros e os comparavam com os fatos religiosos nacionais da Grécia. Heródoto (484-425 a.C.) já apresentava descrições bem exatas de algumas religiões consideradas exóticas e bárbaras, em locais como Egito, Pérsia, Trácia e Cítia. Esse historiador grego chegou a propor hipóteses sobre as origens dessas religiões e sobre suas relações com os cultos e mitologias da Grécia.

Ao mesmo tempo, os filósofos gregos faziam crítica à religião tradicional. Os pensadores pré-socráticos fundaram a crítica racionalista da religião, interrogando sobre a natureza dos deuses e o valor dos mitos.

Pode-se afirmar que o primeiro historiador grego das religiões foi Teofrasto (372-287 a.C.). Ele foi sucessor de Aristóteles na direção do Liceu e compôs uma História das Religiões em seis
livros.

As tradições religiosas dos povos orientais só puderam ser conhecidas e descritas pelos escritores gregos com base nas conquistas de Alexandre, o Grande (356-323 a.C.). Eles descreveram essas tradições juntamente com os mitos, ritos e costumes religiosos que denominavam exóticos.

Epicuro (341-327 a.C.), em Atenas, fez uma crítica radical da religião, afirmando estas convicções: o "consenso universal" prova a existência dos deuses; entretanto, os deuses são seres superiores e longínquos, sem nenhuma relação com os seres humanos. As teses de Epicuro ganharam profundidade no mundo latino do século 1º a.C. com as contribuições de Lucrécio.

Quem não sente o coração apertar-se com medo dos deuses e contrair-lhe os membros pelo terror, quando a terra treme sob o estrondo dos trovões e quando os raios riscam o céu? Por acaso não tremem os povos e as pessoas? Não é verdade que até os altivos soberanos se encolhem com medo dos deuses? (Lucrécio. De rerum natura, Livro V, vv. 1218-1222, apud FIORAMO e PRANDI, 1999, p. 60.)

No entanto, no final do período antigo, foram os estoicos que exerceram uma influência mais profunda, uma vez que eles resgataram e revalorizaram a herança mitológica por meio do mé-
todo da exegese alegórica. Para os estoicos, os mitos revelam visões filosóficas sobre a natureza profunda das coisas, como também encerram preceitos morais. Os múltiplos nomes de deuses designam uma só divindade. Assim, todas as religiões exprimem a mesma verdade fundamental, só variando a terminologia.

O alegorismo estoico possibilitou a tradução de qualquer tradição antiga em linguagem universal. Observe, ainda, que, desde Heródoto, há uma ideia de que certos deuses eram reis ou heróis divinizados, por causa de serviços prestados à humanidade. O filósofo grego Evêmero (330-260), em sua obra Escrita sagrada, afirmou que os mitos são apenas relatos fantásticos de fatos
históricos, e que os deuses eram descritos a partir das ações de seres humanos notáveis – desta forma popularizou a interpretação pseudo-histórica da mitologia.

Os romanos também escreveram obras de valor histórico--religioso. No Império Romano, houve o reconhecimento sobre as religiões exóticas e uma investigação sobre as antiguidades religiosas dos diversos países. Isso foi favorecido não apenas pela difusão dos cultos orientais e das religiões dos mistérios, mas também pelo sincretismo religioso que daí resultou, ocorrido especialmente em Alexandria.

Os cristãos apologistas e heresiarcas opunham aos múltiplos deuses do paganismo o Deus único da religião revelada. Tentavam demonstrar a origem sobrenatural, a superioridade do cristianismo e a origem idolátrica dos deuses pagãos do mundo pré-cristão.

Nesse contexto, os pagãos reagiam por meio de escritos, com ataque violento ao cristianismo, ao mesmo tempo em que apresentavam o ideal da sua religiosidade, com tolerância e sincretismo.

O contra-ataque cristão foi registrado em escritos de grandes eruditos, inclusive padres da Igreja. Para a História das Religiões, são interessantes as informações histórico-religiosas que estão nesses escritos e nos de seus adversários. Ali há informações sobre os mitos, ritos e costumes de quase todos os povos do Império Romano, inclusive sobre os gnósticos e as seitas heréticas cristãs.

O interesse pelas religiões estrangeiras do Ocidente veio na Idade Média, no confronto com o islamismo.


Postado por: Anaildo J. Silva Th. M
ITEP – RABONI – Instituto Teológico de Ensino e Pesquisa
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A VIRADA ANTROPOLÓGICA

LUDWIG FEUERBACH (1804-1872)

O processo de secularização iniciado pelo Iluminismo terá em Feuerbach a sua radicalização. O antropocentrismo será o objeto central da reflexão filosófica, tanto que, como veremos, a Teologia será considerada a autêntica. Antropologia. Comesse filósofo, o eixo da reflexão filosófica se deslocará radicalmente de Deus para o ser humano.

VIRADA ANTROPOLÓGICA E ATEÍSMO MODERNO

Feuerbach segue um itinerário intelectual: Deus foi o seu primeiro pensamento; a razão, o segundo; e o homem, o terceiro. Ao elaborar sua "antropologia humanista",sente-se obcecado pela religião, que constitui o tema de sua investigação e reflexão: "meu objeto principal é o cristianismo, é a religião enquanto objeto imediato, essência imediata do homem" (FEUERBAC Hapud ZILLES, 2007, p. 100).

Sua crítica à religião foi elaborada nas obras A Essência do Cristianismo (1841), Princípios da Filosofia do Futuro (1834), A Essência da Religião (1845) e Teogonia (1857), com seu método genético-crítico, que pergunta como e de onde surge a religião, a qual, conforme ele,se funda na diferença entre o homem e o animal na consciência do homem:

De acordo com Feuerbach, a religião é o comportamento do homem perante seu próprio ser infinito. Sua falsidade está em o homem tornar-se independente de si mesmo o seu próprio ser infinito, separando-o e opondo-o como diferente de si, produzindo a bipolaridade, Deus e o homem, alienando, assim, o último, ou seja, empobrecendo-o (ZILLES, 2007,p. 100-101). O texto acima foi tirado do livro de Urbano Zilles. Filosofia da Religião, Paulus, 2007.

Sua filosofia da religião reduz a Teologia à Antropologia, e todos os atributos divinos são atributos humanos que fortalecem o oprimido na luta por sua libertação, pois só o homem pobre tem um Deus rico. Esse homem religioso não se compromete com a mudança e a transformação da injustiça, do sofrimento e da miséria humana. A experiência religiosa leva-o a uma aceitação passiva da exclusão, projetando a felicidade para o reino dos céus.

O ateísmo é necessário, pois o homem projeta a idealização de suas próprias qualidades em um ser transcendente, e, ao projetar a si mesmo, o homem aliena-se de si, gerando a divisão nele próprio. A alienação religiosa toma Deus como algo que, na verdade, é apenas expressão do próprio homem, ilusão, ídolo, concluindo, dessa forma, que razão e fé, Filosofia e Teologia, Iluminismo e cristianismo, são inconciliáveis.

Nessa inversão de Feuerbach, a religião é sacrificada para a autonomia filosófica; o mistério da Teologia é a Antropologia, que aborda o homem em sua totalidade: razão, vontade e coração. A verdadeira dialética é o diálogo entre o eu e o tu. O princípio supremo e último da Filosofia é a unidade do homem com o homem. A essência do homem, no entanto, não só se atualiza no encontro do eu como tu, mas na totalidade da humanidade:

Através do tu o olhar se abre para a humanidade, pois no outro tenho a consciência da humanidade. A espécie é o homem pleno. A medida da espécie é a medida absoluta, lei e critério do homem que ocupa o lugar do absoluto em Hegel.

Na consciência humana emerge a tensão entre o eu e a espécie. A religião nasce onde o homem considera essa sua essência como separada de si como Deus. Neste caso, Deus é a projeção daquilo que o homem deseja ser, é o próprio ser humano alienado de si mesmo: a essência de Deus é a autoconsciência do homem. O homem afirma em Deus o que nega em si.

[...] O ateísmo é necessário para que o homem possa descobrir sua dignidade, reconquistando sua essência perdida. Nesta concepção materialista, Feuerbach (2007), busca explicitar o homem e o mundo com base de si mesmo. O ponto de partida da filosofia não é Deus, como queria Hegel, mas o próprio homem corpóreo, concreto; o homem enquanto ser mais elevado para si mesmo ou o homem como um deus para o homem. Ele é o começo, o meio e o fim da religião.

A religião pertence à infância da humanidade. Iludido, o homem projeta em Deus seus próprios atributos, qualidades, habilidades e competências, que são os da essência humana enquanto presente no conjunto dos homens. Deus é o conceito personificado da espécie humana, e a religião, produto puramente humano. O cristianismo é a velha religião que deve morrer para nascer a nova religião do humanismo. Deus é destronado e o homem divinizado (ZILLES, 2007, p. 106-108).





Prof. Anaildo J. Silva Th. M
Jornalista Profissional

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