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sábado, 28 de setembro de 2013

A libertação se efetiva na prática histórica

“Toda colonização – seja a antiga, pela invasão dos territórios, seja a moderna, pela integração forçada no mercado mundial – significa sempre um ato de grandíssima violência. Implica o bloqueio do desenvolvimento autônomo de um povo. Representa a submissão de parcelas importantes da cultura, com sua memória, seus valores, suas instituições, sua religião, à outra cultura invasora. Os colonizados de ontem e de hoje são obrigados a assumir formas políticas, hábitos culturais, estilos de comunicação, gêneros de música e modos de produção e de consumo dos colonizadores. Atualmente se verifica uma poderosa “hamburguerização” da cultura culinária e uma “rockiquização” dos estilos musicais.

Os que detêm o monopólio do ter, do poder e do saber, controlam os mercados e decidem sobre o que se deve produzir, consumir e exportar. Numa palavra, os colonizados são impedidos de fazer suas escolhas, de tomar as decisões que constróem a sua própria história. Tal processo é profundamente humilhante para um povo. Produz sofrimentos dilaceradores. A médio e a longo prazo não há razões, quaisquer que sejam, que consigam justificar e tomar aceitável tal sofrimento. Aos poucos ele se torna simplesmente insuportável. Dá origem a um antipoder. Os oprimidos começam a “extrojetar” o opressor que forçadamente hospedam dentro de si. É o tempo maduro para o processo de libertação. Primeiro, na mente. Depois, na organização, Por fim, na prática.Libertação significa a ação que liberta a liberdade cativa. É só pela libertação que os oprimidos resgatam a auto-estima. Refazem a identidade negada. Reconquistam a pátria dominada. E podem construir uma história autônoma, associada à história de outros povos livres.
– Oprimidos, convencei-vos desta verdade: a libertação começa na vossa consciência e no resgate da vossa própria dignidade, feita mediante uma prática conseqüente

Confiai. jamais estareis sós. Haverá sempre espíritos generosos de todas as raças, de todas as classes e de todas as religiões que farão corpo convosco na vossa nobre causa da liberdade. Haverá sempre aqueles que pensarão: cada sofrimento humano, em qualquer parte do mundo, cada lágrima chorada em qualquer rosto, cada ferida aberta em qualquer corpo é como se fosse uma ferida no meu próprio corpo, uma lágrima dos meus próprios olhos e um sofrimento do meu próprio coração. E abraçarão a causa dos oprimidos de todo o mundo. Serão vossos aliados leais. James Aggrey incentivava em seus compatriotas ganenses tais sentimentos de solidariedade essencial. Infelizmente não pôde ver a libertação de seu povo.  Morreu antes, em 1927. Mas semeou sonhos. A libertação veio com Kwame N’Krumah, uma geração após. Este aprendeu a lição libertária de Aggrey: Apesar da vigilância inglesa, conseguiu organizar em 1949 um partido de libertação, chamado Partido da Convenção do Povo. N’Krumah e seu partido pressionaram de tal maneira a administração colonial inglesa, que o governo de Londres se viu obrigado, em 1952, a fazê-lo primeiroministro. Em seu discurso de posse surpreendeu a todos ao proclamar: “Sou socialista, sou marxista e sou cristão”. Obteve a sua maior vitória no dia 6 de março de 1957 quando presidiu a proclamação da independência da Costa do Ouro. Agora o país voltou ao antigo nome: Gana. Foi a primeira colônia africana a conquistar sua independência.
Se aplicarem os ideais de James Aggrey, consolidarão sua identidade e autonomia. E avançarão pouco a pouco no sentido de uma concidadania participativa e solidária.”


NÓS SOMOS ÁGUIAS

Vamos, finalmente, contar a história narrada por James Aggrey. O contexto é o seguinte: em meados de 1925, James havia participado de uma reunião de lideranças populares na qual se discutiam os caminhos da libertação do domínio colonial inglês. As opiniões se dividiam. Alguns queriam o caminho armado. Outros, o caminho da organização política do povo, caminho que efetivamente triunfou sob a liderança de Kwame N’Krumah. Outros se conformavam com a colonização à qual toda a África estava submetida. E havia também aqueles que se deixavam seduzir pela retórica* dos ingleses. Eram favoráveis à presença inglesa como forma de modernização e de inserção no grande mundo tido como civilizado e moderno. James Aggrey, como fino educador, acompanhava atentamente cada intervenção. Num dado momento, porém, viu que líderes importantes apoiavam a causa inglesa. Faziam letra morta de toda a história passada e renunciavam aos sonhos de libertação. Ergueu então a mão e pediu a palavra. Com grande calma, própria de um sábio, e com certa solenidade, contou a seguinte história:.”Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

– Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia. – De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
– Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:

– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:

-Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou à carga:
– Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou… voou.. até confundir-se com o azul do firmamento…


Postado Por: Prof. AnaIldo Silva
Formação: Teologia Especulativa pela FaculdadeTeológica de Campinas/SP
Atualmente estuda Teologia Contemporânea na Faculdade Claretianas de Rio Claro/SP






Retirado do Livro: A Águia e a Galinha – Leonardo Boff

domingo, 22 de setembro de 2013

O Mal: Um Desafio Teológico e Filosófico

Segundo relato do Prof. Ms. Jairo da Mota Bastos, sobre o mal como problema filosófico, unidade, um, do Módulo dois, O mal: um desafio teológico – Filosófico, o problema do mal, é uma questão não resolvida na existência concreta do ser humano.  A humanidade, desde os tempos remotos, já convivia com esta realidade, é um problema que causa mal estar ao homem, porém, ele está presente em sua vida há todos os instantes. O grande dilema do homem, sempre foi essa presença ativa e incomodante que leva o indivíduo, até ficar sem metas para futuro, uma vez que, tudo será finalizado com a morte. “O mal sempre foi um problema central na filosofia e na religião” (ESTRADA, 2004, p.9), todas as religiões perceberam essa existência e, procuraram meios para neutralizar sua ação com práticas que deixa o homem isolado do mundo, Leibiniz, trata do mal em três abordagens: O mal metafísico, o mal físico e o mal moral.
            O mal metafísico: expõe a desarmonia humana com a realidade. “Porque o ser humano é descontente e insatisfeito com a sua experiência histórica e com o mundo”? A indignação do homem com a existência do mal, só será finalizada na morte, porém, a permanência, deste, continua presente no contingente. A morte é símbolo, por antonomásia, do mal metafísico. De acordo com Estrada (2004, p. 12), o homem como “ser-para-a-morte” sempre foi objeto de reflexão religiosa e filosófica. A morte é símbolo do mal! Por existir a permanência do mal na natureza, o homem, sempre procura meios para melhorar o seu ambiente de relacionamento, na busca por um mundo melhor.


O mal físico: está presente na vida dos homens, como também, na vida dos animais, conforme Estrada:

O sofrimento inerente à vida é aqui o problema radical, objeto da reflexão filosófica. A quantidade de sofrimento acumulado na história, a que se somam as catástrofes naturais, as doenças e a dor causada pelo próprio homem, é angustiante. Será que a evolução humana e o progresso da sociedade não são possíveis sem dor e sofrimento? Indaga a compaixão humana como rejeição e não aceitação do mal físico. O que a racionalidade pode fazer para o minimizar e, até mesmo, o superar? (2004, p. 11).



            O mal moral: tem relação com as ações do homem, a responsabilidade e sua liberdade. O mal moral está na ação da negação de aplicar as normas estabelecidas, pela livre ação da omissão dos valores éticos e morais. O mal físico é o sentir a dor insuportável da morte, esta, é uma realidade e não um mito. O mal moral desperta nas pessoas o desejo de lutar por um mundo mais justo para todos; os sentimentos de culpa, remorso e pecado levando-nos à projeção do mal para fora de nós procurando bodes expiatórios individuais e coletivos nos quais descarregamos nossos pesos. 

Prof. Anaildo J. Silva Th. M
ITEP -  Instituto Teológico de Ensino e Pesquisa


terça-feira, 17 de setembro de 2013

O ESTUDO DA ANTROPOLOGIA

A dimensão religiosa durante toda a história da humanidade tem ocupado lugar de destaque na organização da vida das pessoas e das sociedades, incluídas a sua e a minha vidas. Com o avanço das ciências modernas, porém, determinados pensadores passaram a afirmar que a religião desapareceria.

Como você pode notar, tal dissipação não se verificou. Pelo contrário, as expressões religiosas multiplicaram-se em diferentes contextos e culturas. 

Assim, para uma aproximação e conhecimento do ser humano, é preciso considerar a centralidade da dimensão religiosa na vida das pessoas e sociedades, o que representará o ponto de partida de nossos estudos.

QUE PENSAMOS NÓS A RESPEITO DAS ESTATÍSTICAS SOBRE AS RELIGIÕES?

Ao analisar o imaginário da cultura brasileira, você perceberá que nem sempre o campo religioso foi contemplado com seriedade nas pesquisas.

Sabe por quê? 

Uma das razões é a idéia existente no meio do povo, de que algumas questões não devem ser discutidas. Dentre elas, estão especialmente a política, o futebol e a religião. Você já deve ter ouvido isso inúmeras vezes. Dada a incidência dessas concepções sobre a vida, é importante considerar que esta forma de proceder acaba por colocar entraves que impedem um debate sistemático e científico sobre essas três dimensões, que ocupam boa parcela da nossa vida e exercem grande influência sobre ela. E considere você
quais são as conseqüências disso: Uma vez que "não podemos" discutir política, acabamos delegando aos "entendidos" esse tema proibido.

E o que é que acontece?

A corrupção, utilização dos bens públicos como se fossem privados, além da omissão e do descaso com a nação. 

Você se lembra, por exemplo, do escândalo do "mensalão? E dos "anões do orçamento"? E do "Juiz Nicolau"? Isso sem falar no escândalo que foram as privatizações de alguns setores vitais de nossa economia... No futebol não é diferente, no Brasil ele é comandado por "cartolas" e alguns "sabedores" dessa área. Decorrem dessa postura a divinização de alguns poucos e o abandono de milhões de atletas que mal ganham para sobreviver. 

E quando o assunto é religião, o que você pensa? 

Está impregnado no imaginário de nosso povo que este tema de forma nenhuma se discute. Se por um lado, com essa atitude, deixamos o assunto para ser discutido pelos "entendidos", sejam eles líderes das religiões consideradas "legítimas" ou líderes que atuam, até certo ponto, na clandestinidade; por outro faz com que cada indivíduo, com base em sua experiência setorizada, julgue-se especialista neste campo e se apresente com inúmeras certezas das quais não abre mão. 

Observe que tais atitudes contribuem para inviabilizar estudos sistemáticos sobre as manifestações religiosas, além de impedir a visibilidade dos objetivos, funções, razões de ser e incidência desta dimensão sobre a vida dos adeptos. Resulta, também, numa certa ingenuidade diante do fenômeno religioso, como se ele tivesse sido criado pelas divindades e, por isso, passa a ser entendido como intocável e absoluto. Posturas como estas continuam desencadeando e legitimando milhões de mortes em nome de crenças e convicções religiosas fanatizadas. Você pôde constatar a terrível conseqüência disso, por exemplo, com o atentado ocorrido em 11 de setembro de 2001, ao World Trade Center em Nova York e ao Pentágono em Arlington?, o que provocou a morte de milhares de inocentes.

No campo acadêmico, ainda impregnado da concepção de que com o avanço das ciências modernas a religião se tornaria supérflua, também se constatam alguns entraves, especialmente partindo da teoria evolucionista1. Isto porque os defensores dessa idéia entendiam que as questões e dramas do ser humano seriam resolvidos cientificamente. Entretanto, há um forte movimento em diferentes espaços e níveis acadêmicos espalhados pelo país que, pela seriedade das pesquisas e análise interdisciplinar da complexidade do campo religioso, colocam-no em debate. São campos de pesquisas ainda jovens, mas que possuem excelentes trabalhos científicos que em muito contribuem para a compreensão desta área do conhecimento. Talvez você já tenha tido conhecimento disso.

Considerando essa realidade, o nosso estudo do campo religioso, com base na Antropologia (estudo sobre o homem), tem como objetivo principal a compreensão do ser humano religioso e, para viabilizar isso, começa do pressuposto de que a religião é uma construção humana feita historicamente, constituindo-se característica marcante da realidade humana. 

Neste estudo, você terá oportunidade de analisar conosco a religião como um modo de conhecimento e de compreensão do mundo, como o lugar de atribuição de sentido aos dados da realidade, e a conseqüente estruturação de sistemas simbólicos, pelos quais se efetua a doação de significado. Convidamos você a nos
acompanhar na análise desta questão que não é tão difícil quanto talvez lhe possa parecer.


Prof. Anaildo J. Silva Th. M

domingo, 15 de setembro de 2013

A Reforma Monoteísta do Faraó Akhenaton

O faraó Amenófis IV, que governou o Egito de 1364 a 1347 a.C., é considerado um dos precursores do monoteísmo, instaurando uma nova religião e assumido o nome de "Akhenaton", como veremos adiante. Mesmo tendo uma história envolvida em uma aura de mistério, não há como negar que ele foi um inovador revolucionário. Seu pensamento aliou o senso crítico e a racionalidade ao espírito religioso. O espírito inovador vinha desde as influências do seu pai, Amenófis III, que governou o Egito de 1402 a 1364 a.C., um homem de intensa religiosidade, que quebrou alguns padrões de seu tempo, por exemplo, tomando por esposa Tiy, de origem plebeia. Após os dez primeiros anos de governo, viveu como um homem doente durante trinta anos.Na busca de obter a cura,mandou lavrar, em granito, 600 estátuas da deusa com cabeça de leão, Sekmet. Também mandou vir do estrangeiro divindades da saúde. Uma outra inovação do pai de Akhenaton foi a de instaurar uma nova compreensão do antigo conceito do "rei-deus".De fato, além de assumir-se como representante do deus Amon na Terra, ele também se sentia representante do deus Sol, Rá, que era o deus principal do reino. Akhenaton foi influenciado pelo clima religioso com que se cercou seu pai, pela adoração ao deus Sol e pela hiper exaltação do faraó. Como fizera seu pai, ele também tomou por principal esposa uma mulher que não pertencia à nobreza, a bela Nefertite.

A isso se acrescentou sua formação, com o mestre Eye. Presenciou uma onda de vivo interesse pelo culto dos animais no palácio. E ainda, viu o Egito, com sua cultura autóctone,ser confrontado coma pluralidade de outros povos. Tudo isso o levou a refletir,meditar,fazer uma seleção racional, até escolher um único deus.E ele escolheu Aton ,representado não por um animal, mas pelo disco solar. Dessa forma, criou um "monoteísmo esclarecido" (BRUNNER-TRAUT, 1999). Veja quais foram os passos da reforma religiosa realizada pelo faraó Akhenaton: 

1) construção do templo de Hebsed, dedicado ao deus Aton, na direção do Oriente, próximo ao grande templo de Amon;
2) mudança na representação do deus Aton: da forma humana com cabeça de falcão, passa à forma esférica, com a serpente na margem inferior, símbolo de vida, e raios que terminam em mãos,símbolo da transmissão de vida à família real;
3) instauração da festa do Sed, dedicada à renovação das forças do faraó – antes, essa festa só era celebrada após 30 anos de governo;
4) substituição de todos os deuses do faraó, no templo de Hebsed, pelo único deus Aton;
5) fundação de nova sede religiosa e cidade-templo, na margemorientaldoNilo, emlugar aindanãocontaminado por outros deuses. Dessa forma, o faraó Amenófis IV instituiu, em Amarna, uma nova religião, que era uma teocracia monoteísta. Instalou a sede do governo divino, com uma arquitetura que possibilitava ao casal divino o contato permanente com o Sol. Passou a viver uma rela- ção de filho como deus Aton, e também, nesse momento,mudou seu nome para Akhenaton, que significa "Bem-Amado de Aton", ou "Brilho de Aton".

Outra inovação foi a de instaurar a divinização não só do faraó, como era costume, mas também de sua esposa. Entretanto, como observa Terrin (2003), a tentativa de Akhenaton, de estabelecer um único deus de nome Aton, encontrou o limite do seu tempo. Após sua morte, seu genro e corregente Semenchkarê o sucedeu e procurou manter as reformas .No entanto, Tutankh-Aton, ao assumir o trono, orientado por Eye, aos poucos voltou à crença anterior, lavrando um edito de restauração, além de mudar seu nome para Tuthankh-Amon. A restauração da religião anterior, no Egito,foi lenta e firme. Dessa maneira, a história do período de Amarna e de seu rei Akhenaton foi apagada e não houve seguidores. Entretanto, a reforma religiosa de Akhenaton permanece referencial, como rejeição da corrupção dos sacerdotes de Amon e busca de formas racionais da divindade. Ela constituiu um passo decisivo para uma religião esclarecida, coma escolha de um único princípio divino. Além disso, sua proposta de monoteísmo, com um pensamento coerente, imbuído de profundo e delicado sentido da transcendência, influenciou a fé judaico-cristã. Podemos citar, como exemplo, o Salmo 19 bíblico, que assume trechos do hino egípcio ao deus Sol, como este: "[...] Aí ele pôs uma tenda para o sol, e este sai, qual esposo de seu quarto, como herói alegre, percorrendo o seu caminho..." (Sl 19:5-6). Já o Salmo 104 traz um paralelo literal desse hino egípcio, que exalta o poder e a majestade de Amon-Rá e de Aton, enquanto criadores e conservadores. Entretanto, Firestone (2007) afirma que a reforma de Akhenaton reflete uma espécie de henoteísmo (culto a uma única divindade), porque fez com que apenas um deus fosse cultuado,todavia sem negar a existência de outros deuses. Sobre o henoteísmo, falaremos a seguir.


Prof. Anaildo J. Silva Th. M
Itep - Raboni 
Instituto Teológico de Ensino e Pesquisa
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