Faça sua pesquisa aqui

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ebenezer ou Azivat Tzerta (Zerta)

Ebenezer ou Azivat Tzerta (Zerta)

Diretor do Cafetorah

Azivat Zerta são as ruínas de um assentamento pequeno e antigo local arqueológico no meio de um bosque, entre Rosh Haain e Kfar Qasem, não muito longe da cidade antiga de Afek.
O nome Azivat Zerta significa que o lugar foi abandonado, este era um assentamento sazonal utilizado pelo fellahin(antigos moradores árabes) durante o plantio e colheita nas estações. Esta era uma solução temporária, já que provavelmente em terras que pertenciam à aldeia árabe Zerta , localizada perto de Barkan cerca de 13 quilômetros a leste da parte superior do riacho.
Escavações arqueológicas realizadas no site Prof Moshe Kochavi e Israel Finkelstein da Universidade de Tel Aviv encontraram restos do X século 10 AC e de períodos anteriores XII ou XIII AC, e identificou três períodos de habitação nas escavações. a partir do momento da colonização de Israel. entre outras descobertas, no local foi achado uma casa de quatro cômodos, típica do período israelita, e silos, indicando a economia dos moradores que viveram ali, provavelmente, os primeiros agricultores.
Endereço encontrado no site chamado "endereço Ebenezer", e ela gravou o Ceramica e contém todas as letras do mil - Moradia em escrever Proto - cananeu . Abordar a importância de se estudar o alfabeto antigo.
Em 2007 o site foi renovado por estudantes na parte superior do riacho, em cooperação com o Fundo Nacional Judaico. No local foi colocado nova sinalização, explicando os resultados em seu lugar da pesquisa arqueológica.
Ebenezer
Muitos identificam Azivat Zerta com localização de Ebenezer mencionado na Bíblia, Ebenezer foi relacionada na Bíblica com o sentido de Pedra de Apoio, "auxiliando" a grande tribo de Efraim, que foi localizada na região montanhosa.
Como descrito no Livro de Samuel, os filhos de Israel estavam em guerra contra os filisteus, eles estacionaram num lugar chamado "Ebenezer", enquanto os filisteus estavam acampados em Afek. O texto bíblico não está claro se isso foi uma guerra defensiva contra a agressão filistéia ou vice-versa, mas, aparentemente, a colisão foi o resultado da experiência dos habitantes das Montanhas de Efraim e eles foram abalados pela predominância dos filisteus.
E veio a palavra de Samuel a todo o Israel; e Israel saiu à peleja contra os filisteus e acampou-se junto a Ebenézer; e os filisteus se acamparam junto a Afeque.
E os filisteus se dispuseram em ordem de batalha, para sair contra Israel; e, estendendo-se a peleja, Israel foi ferido diante dos filisteus, porque feriram na batalha, no campo, uns quatro mil homens.
E voltando o povo ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu o Senhor hoje diante dos filisteus? Tragamos de Siló a arca da aliança do Senhor, e venha no meio de nós, para que nos livre da mão de nossos inimigos.
Enviou, pois, o povo a Siló, e trouxeram de lá a arca da aliança do Senhor dos Exércitos, que habita entre os querubins; e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, estavam ali com a arca da aliança de Deus.
E sucedeu que, vindo a arca da aliança do Senhor ao arraial, todo o Israel gritou com grande júbilo, até que a terra estremeceu.
E os filisteus, ouvindo a voz de júbilo, disseram: Que voz de grande júbilo é esta no arraial dos hebreus? Então souberam que a arca do Senhor era vinda ao arraial.
Por isso os filisteus se atemorizaram, porque diziam: Deus veio ao arraial. E diziam mais: Ai de nós! Tal nunca jamais sucedeu antes.
Ai de nós! Quem nos livrará da mão desses grandiosos deuses? Estes são os deuses que feriram aos egípcios com todas as pragas junto ao deserto.
Esforçai-vos, e sede homens, ó filisteus, para que porventura não venhais a servir aos hebreus, como eles serviram a vós; sede, pois, homens, e pelejai.
Então pelejaram os filisteus, e Israel foi ferido, fugindo cada um para a sua tenda; e foi tão grande o estrago, que caíram de Israel trinta mil homens de pé.
E foi tomada a arca de Deus: e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, morreram.
1 Samuel 4:1-11
A votória dos Filisteus foi grande e indícios arqueológicos em Tel Shilo, a Siló da Bíblia demonstram que a cidade foi realmente atacada e incendiada por volta do século XI AC, exatamente conforme o relato bíblico.
A Batalha de Ebenezer foi considerado um ponto de viragem na luta entre Israel e os filisteus e provavelmente marca o início de um período em que os filisteus foram capazes de penetrar para o leste, na profundidade de Efraim, Benjamim e aumentar seu controle sobre Israel. Um lugar chamado "Ebenezer" é mencionado novamente no Capítulo Sete Livro de Samuel, como uma memória da vitória de Israel sobre os filisteus mais tarde, mas, não se sabe se há alguma ligação entre os dois lugares.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Transexualismo deve sair da lista de doenças mentais

01/12/2013 - 01h45


PUBLICIDADE
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

A advogada e empresária Márcia Rocha, 47, é travesti. Usa próteses de silicone, tem pênis e se autodefine como bissexual. Foi casada duas vezes com mulheres e tem uma filha de 18 anos.

O webdesigner Leonardo Tenorio, 23, nasceu mulher, mas desde a adolescência se sente homem. Com o uso de hormônio masculino, ganhou barba e esconde os seios sob uma faixa apertada. Agora, ele briga com o plano de saúde pelo direito de fazer uma mastectomia.

Ambos estão prestes a obter uma conquista histórica: deixar de serem classificados como doentes mentais. Hoje, o manual que orienta os psiquiatras considera transexualismo (que passou a se chamar incongruência de gênero) um transtorno.
Mas a nova versão da lista de doenças que orienta a saúde em todo o mundo, a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), editada pela Organização Mundial da Saúde, deverá eliminar isso.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
Vários comportamentos tidos hoje como transtornos, como o sadomasoquismo e o travestismo fetichista, serão varridos da CID. Outros, como o transexualismo, vão mudar de categoria.

Os trans, por exemplo, vão ganhar um novo capítulo, longe das doenças, que deve reunir outras "condições relativas à sexualidade", ainda a serem definidas.
A ordem é "despatologizar" o sexo. "Comportamentos sexuais que são inteiramente privados ou consensuais e que não resultem em danos às outras pessoas não devem ser considerados uma condição de saúde. Não há razão para isso", disse à Folha Geoffrey Reed, diretor de saúde mental da OMS.

Reed esteve em São Paulo em encontro para discutir pesquisas e análises que serão feitas no país sobre as novas propostas. No Brasil, a coordenação dos trabalhos é da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Zé Carlos Barretta/Folhapress
Leonardo Tenorio, 23, se sente homem desde a adolescência
Leonardo Tenorio, 23, se sente homem desde a adolescência

Segundo Reed, a ideia é reduzir preconceitos e facilitar o acesso a terapias a quem realmente precisa delas.
"Por que nós, trans, precisamos de um diagnóstico? Por que precisa de um médico para dizer que a pessoa é o que ela é? Nosso direito de autonomia é totalmente ceifado com essa atual patologização", diz Tenorio, presidente da Associação Brasileira de Homens Trans.

POLÊMICA

A questão, porém, é complexa. Existe o temor que ao, perder a classificação de doença, esses comportamentos deixem de ser cobertos pelos sistemas de saúde. No Brasil, por exemplo, os transgêneros têm direito a cirurgias de mudança de sexo e outras terapias no SUS.
"Estamos analisando o impacto nas leis da mudança de diagnóstico como um todo para evitar qualquer eventual prejuízo ao acesso aos serviços de saúde", afirma a psiquiatra Denise Vieira, uma das coordenadoras brasileiras da revisão da CID na área de saúde sexual.
Para a cirurgia de troca de sexo no SUS, por exemplo, a pessoa precisa ser avaliada, dois anos antes, por uma equipe de psiquiatra, cirurgião, psicólogo, endocrinologista e assistente social.
Zé Carlos Barretta/Folhapress
A advogada Márcia Rocha, 47, travesti e bissexual
A advogada Márcia Rocha, 47, travesti e bissexual

Segundo os médicos, o cuidado é porque, se feita em pacientes sem o diagnóstico de transexualismo, pode resultar em distúrbios psíquicos graves e até levar ao suicídio.
Mas a burocracia só ocorre no SUS, segundo a advogada Márcia Rocha, que estampa em seu registro profissional o nome de Marcos Fazzini da Rocha.
"Quem tem dinheiro consegue colocar ou tirar o que quiser", afirma ela, integrante da comissão de direitos da diversidade sexual e combate à homofobia da OAB/SP, citando os próprios seios.

CRIANÇA TRANS

Outra polêmica em curso é o diagnóstico da criança trans. Há grupos que defendem que elas não sejam rotuladas como tal na infância porque estudos mostram que, no futuro, muitas tendem a ser gays ou lésbicas, e não transexuais.
Para o psiquiatra Jair de Jesus Mari, professor titular da Unifesp, ainda há várias questões no campo da sexualidade que devem ser levantadas até a conclusão da revisão da CID-11, prevista para ser publicada em 2015.
"Não há um conceito biológico claro do que são transtornos mentais ou de sexualidade. Não vamos dar conta de toda a complexidade do comportamento humano."




Psicólogo americano separa pessoas em quatro perfis segundo formas de pensar

Livros de psicologia em tom de autoajuda têm inundado o mercado, trazendo ao leitor a promessa do autoconhecimento e propondo nova teorias. "Top Brain, Bottom Brain" (Cérebro de Cima, Cérebro de Baixo) é mais um deles, mas possui uma diferença: seu autor é Stephen Kosslyn, um psicólogo que de fato tem respeito na comunidade acadêmica.

Tendo trabalhado como professor nas universidades Harvard e Stanford, nos EUA, ele propõe um novo esquema para explicar de onde surgem as diferenças entre as pessoas em seus modos de pensar.
O livro também desmistifica a maneira como a cultura popular aborda a questão, separando pessoas entre os tipos "criativo" ou "racional" --associados ao lado direito e esquerdo do cérebro, respectivamente. Kosslyn explica por que considera essa noção simplista antes de detalhar sua própria teoria.
Com o jornalista G. Wayne Miller, seu coautor, o psicólogo argumenta que um corte "horizontal" no cérebro (dividindo-o entre as partes de cima e de baixo) é mais eficaz para mapear diferenças na forma como cada pessoa interage com o mundo.

Em vez de um hemisfério "criativo" contraposto a outro "racional", obtêm-se duas áreas com igual capacidade de intuição e raciocínio. Nesse caso, a distinção é que um deles é "executivo/planejador", enquanto o outro é "observador/perceptivo".

Como cada pessoa pode dar ênfase a uma das duas áreas, a ambas ou a nenhuma, Kosslyn conjectura que existam quatro tipos de pessoas, cada uma exibindo um "modo cognitivo" distinto.
"Se seu interesse é evoluir pessoalmente, socialmente ou nos negócios, acreditamos que compreender e considerar nossa 'Teoria dos Modos Cognitivos' pode beneficiá-lo", escrevem Kosslyn e Miller na introdução do livro. Ao fim, o leitor é convidado a preencher um teste que revela qual é seu modo predominante (veja quadro).

O tom de autoajuda em certos trechos do livro destoa da contracapa, na qual Robert Sapolsky e Steven Pinker, dois dos intelectuais mais respeitados da área, endossam o trabalho de Kosslyn.
Editoria de Arte/Folhapress

QUATRO DIREÇÕES

Pinker, que descreve Kosslyn como "um dos maiores neurocientistas cognitivos" da atualidade, afirmou à Folha que não vê o livro como algo que invalide a divisão de funções entre os lados esquerdo e direito do cérebro --algo que existe, mas de modo mais sutil do que a cultura popular apregoa.

"As pessoas terem diferenças ao longo do eixo de cima para baixo do cérebro não tem nada a ver com elas poderem ter diferenças ao longo do eixo da esquerda para a direita", disse Pinker.
Em "Top Brain, Bottom Brain", a maior crítica à divisão lateral do cérebro é que a psicologia experimental falhou em comprovar a existência de um cabo de guerra entre os lados esquerdo e direito do cérebro, com a racionalidade tentando se sobrepor à intuição, e vice-versa.

A divisão cerebral entre andar de cima e andar de baixo seria mais flexível, por isso dá origem a quatro subtipos de pessoa, não apenas dois. Isso não impede Kosslyn de entrar em terreno delicado, quando defende que o "modo cognitivo" dominante de cada pessoa é parcialmente determinado pela genética.
Enquanto pessoas no modo "condutor" teriam propensão à liderança, aqueles em modo "adaptador" seriam bons companheiros de equipe, ideais para implementar planos que não são seus.
Seriam esses últimos, então, destinados à posição de subserviência, como as castas inferiores de "Admirável Mundo Novo"? "Espero que não", disse Kosslyn à Folha.

"A contribuição genética, que se dá principalmente pelo temperamento, é minoritária", afirma o psicólogo. "Você não está aprisionado pelos seus genes, mas é bom que esteja ciente de ter certo temperamento e que isso pode estar influenciando-o."

Kosslyn, por fim, não exibe sua teoria como trabalho completo; ele ainda busca psicólogos experimentais dispostos a testá-la. O livro, diz, já despertou esse interesse.




  


POR RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO




quinta-feira, 14 de novembro de 2013

BREVE REFLEXÃO SOBRE A OBRA DE MARX

Para iniciar nosso estudo sobre Marx, vejamos algumas crí­ticas à sua obra:
                Sua obra é criticada e qualificada como superada, mas tal fato normalmente ocorre sem que as pessoas efetiva­mente conheçam o que ele escreveu!
                Seus críticos atribuem a ele a culpa pelo fracasso dos Es­tados que adotaram o chamado "socialismo real". No en­tanto, ele nunca chegou a ocupar um cargo em qualquer governo revolucionário, e sua teoria nunca chegou a ser integralmente aplicada, tendo falecido antes de qualquer tentativa efetiva de revolução socialista.

Não há maneira melhor de tentar vencer uma disputa teórica do que procurar desqualificar o oponente, ainda mais quando este é extremamente preparado. Desqualificando o seu opositor, a pessoa procura ganhar o debate sem ter necessidade de efetivamente pro­var seus próprios pontos: o objetivo é tornar-se vencedor, tentando mostrar que o adversário não é tão capacitado quanto a pessoa que o critica. Desse modo, foge-se do verdadeiro debate.
Poucos pensadores na história da humanidade possuem a densida­de de Karl Marx. Sua obra teórica é muito maior do que seus discursos políticos. Assim, antes de ser um revolucionário, de defender a transfor­mação radical da nossa sociedade, ele era um intelectual. Para entrarmos na discussão proposta por Marx acerca da religião, vamos refletir sobre os aspectos gerais da sua teoria.
O motor da História é a luta de classes
A teoria elaborada por Marx é chamada de materialismo histórico dialético. Para entendê-la, precisamos, inicialmente, ter clareza sobre o significado de cada um dos seus termos:
                Materialismo: o termo remete-nos à ideia de material, de ma­téria, portanto, àquilo que existe concretamente. Esse conceito nos indica um tipo de teoria centrada naquilo que existe de con­creto na sociedade, distante das abstrações metafísicas, que são comuns no pensamento místico.
                Histórico: Marx era um grande conhecedor da História e pro­curava sempre contextualizar suas reflexões com uma rica des­crição dos períodos. Desse modo, sua teoria analisa a evolução histórica da humanidade, enfatizando a interpretação dos dife­rentes modos de produção empregados pelos homens ao longo dos tempos.
                Dialético: o pensamento dialético admite a sua própria contradi­ção como parte da mesma argumentação. Um método de refle­xão é apresentado em três partes: tese, antítese e síntese.

Observe que, ao utilizar esse método, partimos de algo para o seu contrário, chegando, então, a uma nova definição. Em termos de análise histórica, ele indica a reinterpretação do passado, utilizando o presente como base, mas visando traçar o futuro.
Precisamos entender a forma pela qual Marx interpretava todo o processo histórico e a realidade de seu tempo.
Ele viveu em uma época marcada pelos avanços cada vez mais sur­preendentes da Revolução Industrial. Surgiam novas máquinas e novos produtos, parecendo anunciar um novo mundo, ao qual Marx estava de­
sinteressado, pois, em seu entender, esse novo mundo não tinha nada de tão novo assim.
O foco de suas preocupações eram os efeitos dessa nova re­alidade na vida dos trabalhadores assalariados. Nesse aspecto, o que ele presenciava não era nada a ser buscado com ansiedade:

1) jornadas de trabalho superiores a 14 horas diárias;
2) mulheres e crianças trabalhando o mesmo número de horas que homens adultos, mas recebendo bem menos;
3) ambientes de trabalho insalubres, tanto pela falta de hi­giene quando pela estrutura física das fábricas, normal­mente mal ventiladas;
4) condições de moradia piores para os trabalhadores;
5) alimentação precária;
6) fiscalização e vigilância constante no ambiente de tra­balho;
7) salários tão reduzidos que mal chegavam a garantir o sustento de um único trabalhador, criando a necessida­de de que toda família trabalhasse;
8) repressão policial truculenta em caso de manifestações por melhores condições de trabalho.
Note que, na sociedade industrial, o trabalho, ao mesmo tempo em que era a fonte da riqueza do dono da fábrica, pois este vendia o que era produzido, era, também, parte de seu prejuízo, expresso no pagamento dos salários dos trabalhadores. Como a tendência do capitalismo é minimizar tudo o que é prejuízo, os salários foram, então, reduzidos ao mínimo, ou seja, somente o necessário para garantir a sobrevivência do trabalhador. A ques­tão seria, então, que o operário, o chamado proletário, produzisse grandes lucros para seu patrão, o burguês, mas não recebesse um salário equivalente aos lucros que gerou.

O termo proletário indica a pessoa que nada possui de seu, a não ser a própria prole. Historicamente, burguês seria o morador do burgo, da cidade, que, portanto, não se dedicava aos trabalhos agrícolas, mas, sim, às atividades artesanais e mercantis.
Quanto mais rápido se acumula o capital numa cidade industrial ou co­mercial, tanto mais rápido o afluxo do material humano explorável e tanto mais miseráveis as moradias improvisadas dos trabalhadores. Newcastle­-upon-Tyne, como centro de um distrito carbonífero e de mineração cada vez mais produtivo, ocupa, depois de Londres, o segundo lugar no inferno da moradia. Nada menos que 34 mil pessoas vivem lá em moradias de uma só peça. Por serem extremamente prejudiciais à comunidade, a polí­cia fez há pouco demolir um número significativo de casas em Newcastle e Gateshead. O avanço da construção das novas casas é muito vagaroso, o dos negócios muito rápido. Por isso, em 1865 a cidade estava mais super­lotada do que em qualquer momento anterior. Quase não havia um único quarto para alugar. O Sr. Embleton, do Hospital de Febres de Newcastle, afirma:
Não se pode duvidar de que a causa da persistência e propagação do tifo é a excessiva aglomeração de seres humanos e a falta de higiene em suas moradias. As casas em que os trabalhadores freqüentemente vivem situ­am-se em becos cercados e pátios. Quanto a luz, ar, espaço e limpeza, são verdadeiros modelos de insuficiência e insalubridade, uma desgraça para qualquer nação civilizada. Ali, à noite, homens, mulheres e crianças deitam­-se misturadamente. No que tange aos homens, o turno da noite segue ao turno do dia em fluxo ininterrupto, de modo que as camas quase não têm tempo de esfriar. As casas são mal supridas de água e, pior ainda, de priva­das; são sujas, mal ventiladas e pestilentas (MARX, 1988, p. 213).
Por isso, a transformação da sociedade capitalista (seu desapareci­mento) era defendida por Marx! Construir um novo modelo de sociedade era uma urgência que sua visão crítica não podia deixar passar.

Prof. Anaildo Silva
Contate-nos e solicite o curso completo de Sociologia Cristã


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

HISTÓRIA DAS RELIGIÕES NA ANTIGUIDADE GREGA E ROMANA

Desde quando se pode falar em História das Religiões? Uma resposta adequada é há cerca de .500 anos. Mircea Eliade (1992) expõe que pode-se constatar uma primeira manifestação de interesse pela História das Religiões na Grécia clássica, no século 5º a.C.

Os gregos, nos seus relatos de viagens, intercalavam descrições dos cultos estrangeiros e os comparavam com os fatos religiosos nacionais da Grécia. Heródoto (484-425 a.C.) já apresentava descrições bem exatas de algumas religiões consideradas exóticas e bárbaras, em locais como Egito, Pérsia, Trácia e Cítia. Esse historiador grego chegou a propor hipóteses sobre as origens dessas religiões e sobre suas relações com os cultos e mitologias da Grécia.

Ao mesmo tempo, os filósofos gregos faziam crítica à religião tradicional. Os pensadores pré-socráticos fundaram a crítica racionalista da religião, interrogando sobre a natureza dos deuses e o valor dos mitos.

Pode-se afirmar que o primeiro historiador grego das religiões foi Teofrasto (372-287 a.C.). Ele foi sucessor de Aristóteles na direção do Liceu e compôs uma História das Religiões em seis
livros.

As tradições religiosas dos povos orientais só puderam ser conhecidas e descritas pelos escritores gregos com base nas conquistas de Alexandre, o Grande (356-323 a.C.). Eles descreveram essas tradições juntamente com os mitos, ritos e costumes religiosos que denominavam exóticos.

Epicuro (341-327 a.C.), em Atenas, fez uma crítica radical da religião, afirmando estas convicções: o "consenso universal" prova a existência dos deuses; entretanto, os deuses são seres superiores e longínquos, sem nenhuma relação com os seres humanos. As teses de Epicuro ganharam profundidade no mundo latino do século 1º a.C. com as contribuições de Lucrécio.

Quem não sente o coração apertar-se com medo dos deuses e contrair-lhe os membros pelo terror, quando a terra treme sob o estrondo dos trovões e quando os raios riscam o céu? Por acaso não tremem os povos e as pessoas? Não é verdade que até os altivos soberanos se encolhem com medo dos deuses? (Lucrécio. De rerum natura, Livro V, vv. 1218-1222, apud FIORAMO e PRANDI, 1999, p. 60.)

No entanto, no final do período antigo, foram os estoicos que exerceram uma influência mais profunda, uma vez que eles resgataram e revalorizaram a herança mitológica por meio do mé-
todo da exegese alegórica. Para os estoicos, os mitos revelam visões filosóficas sobre a natureza profunda das coisas, como também encerram preceitos morais. Os múltiplos nomes de deuses designam uma só divindade. Assim, todas as religiões exprimem a mesma verdade fundamental, só variando a terminologia.

O alegorismo estoico possibilitou a tradução de qualquer tradição antiga em linguagem universal. Observe, ainda, que, desde Heródoto, há uma ideia de que certos deuses eram reis ou heróis divinizados, por causa de serviços prestados à humanidade. O filósofo grego Evêmero (330-260), em sua obra Escrita sagrada, afirmou que os mitos são apenas relatos fantásticos de fatos
históricos, e que os deuses eram descritos a partir das ações de seres humanos notáveis – desta forma popularizou a interpretação pseudo-histórica da mitologia.

Os romanos também escreveram obras de valor histórico--religioso. No Império Romano, houve o reconhecimento sobre as religiões exóticas e uma investigação sobre as antiguidades religiosas dos diversos países. Isso foi favorecido não apenas pela difusão dos cultos orientais e das religiões dos mistérios, mas também pelo sincretismo religioso que daí resultou, ocorrido especialmente em Alexandria.

Os cristãos apologistas e heresiarcas opunham aos múltiplos deuses do paganismo o Deus único da religião revelada. Tentavam demonstrar a origem sobrenatural, a superioridade do cristianismo e a origem idolátrica dos deuses pagãos do mundo pré-cristão.

Nesse contexto, os pagãos reagiam por meio de escritos, com ataque violento ao cristianismo, ao mesmo tempo em que apresentavam o ideal da sua religiosidade, com tolerância e sincretismo.

O contra-ataque cristão foi registrado em escritos de grandes eruditos, inclusive padres da Igreja. Para a História das Religiões, são interessantes as informações histórico-religiosas que estão nesses escritos e nos de seus adversários. Ali há informações sobre os mitos, ritos e costumes de quase todos os povos do Império Romano, inclusive sobre os gnósticos e as seitas heréticas cristãs.

O interesse pelas religiões estrangeiras do Ocidente veio na Idade Média, no confronto com o islamismo.


Postado por: Anaildo J. Silva Th. M
ITEP – RABONI – Instituto Teológico de Ensino e Pesquisa
Faça um Curso de História das Religiões
Contate-nos:
(19) 3545-4844
(19) 99618-3120


A VIRADA ANTROPOLÓGICA

LUDWIG FEUERBACH (1804-1872)

O processo de secularização iniciado pelo Iluminismo terá em Feuerbach a sua radicalização. O antropocentrismo será o objeto central da reflexão filosófica, tanto que, como veremos, a Teologia será considerada a autêntica. Antropologia. Comesse filósofo, o eixo da reflexão filosófica se deslocará radicalmente de Deus para o ser humano.

VIRADA ANTROPOLÓGICA E ATEÍSMO MODERNO

Feuerbach segue um itinerário intelectual: Deus foi o seu primeiro pensamento; a razão, o segundo; e o homem, o terceiro. Ao elaborar sua "antropologia humanista",sente-se obcecado pela religião, que constitui o tema de sua investigação e reflexão: "meu objeto principal é o cristianismo, é a religião enquanto objeto imediato, essência imediata do homem" (FEUERBAC Hapud ZILLES, 2007, p. 100).

Sua crítica à religião foi elaborada nas obras A Essência do Cristianismo (1841), Princípios da Filosofia do Futuro (1834), A Essência da Religião (1845) e Teogonia (1857), com seu método genético-crítico, que pergunta como e de onde surge a religião, a qual, conforme ele,se funda na diferença entre o homem e o animal na consciência do homem:

De acordo com Feuerbach, a religião é o comportamento do homem perante seu próprio ser infinito. Sua falsidade está em o homem tornar-se independente de si mesmo o seu próprio ser infinito, separando-o e opondo-o como diferente de si, produzindo a bipolaridade, Deus e o homem, alienando, assim, o último, ou seja, empobrecendo-o (ZILLES, 2007,p. 100-101). O texto acima foi tirado do livro de Urbano Zilles. Filosofia da Religião, Paulus, 2007.

Sua filosofia da religião reduz a Teologia à Antropologia, e todos os atributos divinos são atributos humanos que fortalecem o oprimido na luta por sua libertação, pois só o homem pobre tem um Deus rico. Esse homem religioso não se compromete com a mudança e a transformação da injustiça, do sofrimento e da miséria humana. A experiência religiosa leva-o a uma aceitação passiva da exclusão, projetando a felicidade para o reino dos céus.

O ateísmo é necessário, pois o homem projeta a idealização de suas próprias qualidades em um ser transcendente, e, ao projetar a si mesmo, o homem aliena-se de si, gerando a divisão nele próprio. A alienação religiosa toma Deus como algo que, na verdade, é apenas expressão do próprio homem, ilusão, ídolo, concluindo, dessa forma, que razão e fé, Filosofia e Teologia, Iluminismo e cristianismo, são inconciliáveis.

Nessa inversão de Feuerbach, a religião é sacrificada para a autonomia filosófica; o mistério da Teologia é a Antropologia, que aborda o homem em sua totalidade: razão, vontade e coração. A verdadeira dialética é o diálogo entre o eu e o tu. O princípio supremo e último da Filosofia é a unidade do homem com o homem. A essência do homem, no entanto, não só se atualiza no encontro do eu como tu, mas na totalidade da humanidade:

Através do tu o olhar se abre para a humanidade, pois no outro tenho a consciência da humanidade. A espécie é o homem pleno. A medida da espécie é a medida absoluta, lei e critério do homem que ocupa o lugar do absoluto em Hegel.

Na consciência humana emerge a tensão entre o eu e a espécie. A religião nasce onde o homem considera essa sua essência como separada de si como Deus. Neste caso, Deus é a projeção daquilo que o homem deseja ser, é o próprio ser humano alienado de si mesmo: a essência de Deus é a autoconsciência do homem. O homem afirma em Deus o que nega em si.

[...] O ateísmo é necessário para que o homem possa descobrir sua dignidade, reconquistando sua essência perdida. Nesta concepção materialista, Feuerbach (2007), busca explicitar o homem e o mundo com base de si mesmo. O ponto de partida da filosofia não é Deus, como queria Hegel, mas o próprio homem corpóreo, concreto; o homem enquanto ser mais elevado para si mesmo ou o homem como um deus para o homem. Ele é o começo, o meio e o fim da religião.

A religião pertence à infância da humanidade. Iludido, o homem projeta em Deus seus próprios atributos, qualidades, habilidades e competências, que são os da essência humana enquanto presente no conjunto dos homens. Deus é o conceito personificado da espécie humana, e a religião, produto puramente humano. O cristianismo é a velha religião que deve morrer para nascer a nova religião do humanismo. Deus é destronado e o homem divinizado (ZILLES, 2007, p. 106-108).





Prof. Anaildo J. Silva Th. M
Jornalista Profissional

Curso de Antropologia Bíblica, Contate-nos:

(19) 3545-4844 / (19) 99618-3120
email: secretaria@itespraboni.com.br
www.itespraboni.com.br

sábado, 28 de setembro de 2013

A libertação se efetiva na prática histórica

“Toda colonização – seja a antiga, pela invasão dos territórios, seja a moderna, pela integração forçada no mercado mundial – significa sempre um ato de grandíssima violência. Implica o bloqueio do desenvolvimento autônomo de um povo. Representa a submissão de parcelas importantes da cultura, com sua memória, seus valores, suas instituições, sua religião, à outra cultura invasora. Os colonizados de ontem e de hoje são obrigados a assumir formas políticas, hábitos culturais, estilos de comunicação, gêneros de música e modos de produção e de consumo dos colonizadores. Atualmente se verifica uma poderosa “hamburguerização” da cultura culinária e uma “rockiquização” dos estilos musicais.

Os que detêm o monopólio do ter, do poder e do saber, controlam os mercados e decidem sobre o que se deve produzir, consumir e exportar. Numa palavra, os colonizados são impedidos de fazer suas escolhas, de tomar as decisões que constróem a sua própria história. Tal processo é profundamente humilhante para um povo. Produz sofrimentos dilaceradores. A médio e a longo prazo não há razões, quaisquer que sejam, que consigam justificar e tomar aceitável tal sofrimento. Aos poucos ele se torna simplesmente insuportável. Dá origem a um antipoder. Os oprimidos começam a “extrojetar” o opressor que forçadamente hospedam dentro de si. É o tempo maduro para o processo de libertação. Primeiro, na mente. Depois, na organização, Por fim, na prática.Libertação significa a ação que liberta a liberdade cativa. É só pela libertação que os oprimidos resgatam a auto-estima. Refazem a identidade negada. Reconquistam a pátria dominada. E podem construir uma história autônoma, associada à história de outros povos livres.
– Oprimidos, convencei-vos desta verdade: a libertação começa na vossa consciência e no resgate da vossa própria dignidade, feita mediante uma prática conseqüente

Confiai. jamais estareis sós. Haverá sempre espíritos generosos de todas as raças, de todas as classes e de todas as religiões que farão corpo convosco na vossa nobre causa da liberdade. Haverá sempre aqueles que pensarão: cada sofrimento humano, em qualquer parte do mundo, cada lágrima chorada em qualquer rosto, cada ferida aberta em qualquer corpo é como se fosse uma ferida no meu próprio corpo, uma lágrima dos meus próprios olhos e um sofrimento do meu próprio coração. E abraçarão a causa dos oprimidos de todo o mundo. Serão vossos aliados leais. James Aggrey incentivava em seus compatriotas ganenses tais sentimentos de solidariedade essencial. Infelizmente não pôde ver a libertação de seu povo.  Morreu antes, em 1927. Mas semeou sonhos. A libertação veio com Kwame N’Krumah, uma geração após. Este aprendeu a lição libertária de Aggrey: Apesar da vigilância inglesa, conseguiu organizar em 1949 um partido de libertação, chamado Partido da Convenção do Povo. N’Krumah e seu partido pressionaram de tal maneira a administração colonial inglesa, que o governo de Londres se viu obrigado, em 1952, a fazê-lo primeiroministro. Em seu discurso de posse surpreendeu a todos ao proclamar: “Sou socialista, sou marxista e sou cristão”. Obteve a sua maior vitória no dia 6 de março de 1957 quando presidiu a proclamação da independência da Costa do Ouro. Agora o país voltou ao antigo nome: Gana. Foi a primeira colônia africana a conquistar sua independência.
Se aplicarem os ideais de James Aggrey, consolidarão sua identidade e autonomia. E avançarão pouco a pouco no sentido de uma concidadania participativa e solidária.”


NÓS SOMOS ÁGUIAS

Vamos, finalmente, contar a história narrada por James Aggrey. O contexto é o seguinte: em meados de 1925, James havia participado de uma reunião de lideranças populares na qual se discutiam os caminhos da libertação do domínio colonial inglês. As opiniões se dividiam. Alguns queriam o caminho armado. Outros, o caminho da organização política do povo, caminho que efetivamente triunfou sob a liderança de Kwame N’Krumah. Outros se conformavam com a colonização à qual toda a África estava submetida. E havia também aqueles que se deixavam seduzir pela retórica* dos ingleses. Eram favoráveis à presença inglesa como forma de modernização e de inserção no grande mundo tido como civilizado e moderno. James Aggrey, como fino educador, acompanhava atentamente cada intervenção. Num dado momento, porém, viu que líderes importantes apoiavam a causa inglesa. Faziam letra morta de toda a história passada e renunciavam aos sonhos de libertação. Ergueu então a mão e pediu a palavra. Com grande calma, própria de um sábio, e com certa solenidade, contou a seguinte história:.”Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

– Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia. – De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
– Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:

– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:

-Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. O camponês sorriu e voltou à carga:
– Eu lhe havia dito, ela virou galinha!
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou… voou.. até confundir-se com o azul do firmamento…


Postado Por: Prof. AnaIldo Silva
Formação: Teologia Especulativa pela FaculdadeTeológica de Campinas/SP
Atualmente estuda Teologia Contemporânea na Faculdade Claretianas de Rio Claro/SP






Retirado do Livro: A Águia e a Galinha – Leonardo Boff

domingo, 22 de setembro de 2013

O Mal: Um Desafio Teológico e Filosófico

Segundo relato do Prof. Ms. Jairo da Mota Bastos, sobre o mal como problema filosófico, unidade, um, do Módulo dois, O mal: um desafio teológico – Filosófico, o problema do mal, é uma questão não resolvida na existência concreta do ser humano.  A humanidade, desde os tempos remotos, já convivia com esta realidade, é um problema que causa mal estar ao homem, porém, ele está presente em sua vida há todos os instantes. O grande dilema do homem, sempre foi essa presença ativa e incomodante que leva o indivíduo, até ficar sem metas para futuro, uma vez que, tudo será finalizado com a morte. “O mal sempre foi um problema central na filosofia e na religião” (ESTRADA, 2004, p.9), todas as religiões perceberam essa existência e, procuraram meios para neutralizar sua ação com práticas que deixa o homem isolado do mundo, Leibiniz, trata do mal em três abordagens: O mal metafísico, o mal físico e o mal moral.
            O mal metafísico: expõe a desarmonia humana com a realidade. “Porque o ser humano é descontente e insatisfeito com a sua experiência histórica e com o mundo”? A indignação do homem com a existência do mal, só será finalizada na morte, porém, a permanência, deste, continua presente no contingente. A morte é símbolo, por antonomásia, do mal metafísico. De acordo com Estrada (2004, p. 12), o homem como “ser-para-a-morte” sempre foi objeto de reflexão religiosa e filosófica. A morte é símbolo do mal! Por existir a permanência do mal na natureza, o homem, sempre procura meios para melhorar o seu ambiente de relacionamento, na busca por um mundo melhor.


O mal físico: está presente na vida dos homens, como também, na vida dos animais, conforme Estrada:

O sofrimento inerente à vida é aqui o problema radical, objeto da reflexão filosófica. A quantidade de sofrimento acumulado na história, a que se somam as catástrofes naturais, as doenças e a dor causada pelo próprio homem, é angustiante. Será que a evolução humana e o progresso da sociedade não são possíveis sem dor e sofrimento? Indaga a compaixão humana como rejeição e não aceitação do mal físico. O que a racionalidade pode fazer para o minimizar e, até mesmo, o superar? (2004, p. 11).



            O mal moral: tem relação com as ações do homem, a responsabilidade e sua liberdade. O mal moral está na ação da negação de aplicar as normas estabelecidas, pela livre ação da omissão dos valores éticos e morais. O mal físico é o sentir a dor insuportável da morte, esta, é uma realidade e não um mito. O mal moral desperta nas pessoas o desejo de lutar por um mundo mais justo para todos; os sentimentos de culpa, remorso e pecado levando-nos à projeção do mal para fora de nós procurando bodes expiatórios individuais e coletivos nos quais descarregamos nossos pesos. 

Prof. Anaildo J. Silva Th. M
ITEP -  Instituto Teológico de Ensino e Pesquisa


terça-feira, 17 de setembro de 2013

O ESTUDO DA ANTROPOLOGIA

A dimensão religiosa durante toda a história da humanidade tem ocupado lugar de destaque na organização da vida das pessoas e das sociedades, incluídas a sua e a minha vidas. Com o avanço das ciências modernas, porém, determinados pensadores passaram a afirmar que a religião desapareceria.

Como você pode notar, tal dissipação não se verificou. Pelo contrário, as expressões religiosas multiplicaram-se em diferentes contextos e culturas. 

Assim, para uma aproximação e conhecimento do ser humano, é preciso considerar a centralidade da dimensão religiosa na vida das pessoas e sociedades, o que representará o ponto de partida de nossos estudos.

QUE PENSAMOS NÓS A RESPEITO DAS ESTATÍSTICAS SOBRE AS RELIGIÕES?

Ao analisar o imaginário da cultura brasileira, você perceberá que nem sempre o campo religioso foi contemplado com seriedade nas pesquisas.

Sabe por quê? 

Uma das razões é a idéia existente no meio do povo, de que algumas questões não devem ser discutidas. Dentre elas, estão especialmente a política, o futebol e a religião. Você já deve ter ouvido isso inúmeras vezes. Dada a incidência dessas concepções sobre a vida, é importante considerar que esta forma de proceder acaba por colocar entraves que impedem um debate sistemático e científico sobre essas três dimensões, que ocupam boa parcela da nossa vida e exercem grande influência sobre ela. E considere você
quais são as conseqüências disso: Uma vez que "não podemos" discutir política, acabamos delegando aos "entendidos" esse tema proibido.

E o que é que acontece?

A corrupção, utilização dos bens públicos como se fossem privados, além da omissão e do descaso com a nação. 

Você se lembra, por exemplo, do escândalo do "mensalão? E dos "anões do orçamento"? E do "Juiz Nicolau"? Isso sem falar no escândalo que foram as privatizações de alguns setores vitais de nossa economia... No futebol não é diferente, no Brasil ele é comandado por "cartolas" e alguns "sabedores" dessa área. Decorrem dessa postura a divinização de alguns poucos e o abandono de milhões de atletas que mal ganham para sobreviver. 

E quando o assunto é religião, o que você pensa? 

Está impregnado no imaginário de nosso povo que este tema de forma nenhuma se discute. Se por um lado, com essa atitude, deixamos o assunto para ser discutido pelos "entendidos", sejam eles líderes das religiões consideradas "legítimas" ou líderes que atuam, até certo ponto, na clandestinidade; por outro faz com que cada indivíduo, com base em sua experiência setorizada, julgue-se especialista neste campo e se apresente com inúmeras certezas das quais não abre mão. 

Observe que tais atitudes contribuem para inviabilizar estudos sistemáticos sobre as manifestações religiosas, além de impedir a visibilidade dos objetivos, funções, razões de ser e incidência desta dimensão sobre a vida dos adeptos. Resulta, também, numa certa ingenuidade diante do fenômeno religioso, como se ele tivesse sido criado pelas divindades e, por isso, passa a ser entendido como intocável e absoluto. Posturas como estas continuam desencadeando e legitimando milhões de mortes em nome de crenças e convicções religiosas fanatizadas. Você pôde constatar a terrível conseqüência disso, por exemplo, com o atentado ocorrido em 11 de setembro de 2001, ao World Trade Center em Nova York e ao Pentágono em Arlington?, o que provocou a morte de milhares de inocentes.

No campo acadêmico, ainda impregnado da concepção de que com o avanço das ciências modernas a religião se tornaria supérflua, também se constatam alguns entraves, especialmente partindo da teoria evolucionista1. Isto porque os defensores dessa idéia entendiam que as questões e dramas do ser humano seriam resolvidos cientificamente. Entretanto, há um forte movimento em diferentes espaços e níveis acadêmicos espalhados pelo país que, pela seriedade das pesquisas e análise interdisciplinar da complexidade do campo religioso, colocam-no em debate. São campos de pesquisas ainda jovens, mas que possuem excelentes trabalhos científicos que em muito contribuem para a compreensão desta área do conhecimento. Talvez você já tenha tido conhecimento disso.

Considerando essa realidade, o nosso estudo do campo religioso, com base na Antropologia (estudo sobre o homem), tem como objetivo principal a compreensão do ser humano religioso e, para viabilizar isso, começa do pressuposto de que a religião é uma construção humana feita historicamente, constituindo-se característica marcante da realidade humana. 

Neste estudo, você terá oportunidade de analisar conosco a religião como um modo de conhecimento e de compreensão do mundo, como o lugar de atribuição de sentido aos dados da realidade, e a conseqüente estruturação de sistemas simbólicos, pelos quais se efetua a doação de significado. Convidamos você a nos
acompanhar na análise desta questão que não é tão difícil quanto talvez lhe possa parecer.


Prof. Anaildo J. Silva Th. M
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...