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sábado, 27 de fevereiro de 2016

A MENSAGEM DO LIVRO DE DANIEL

O PROFETA DANIEL


Daniel era descendente da família real de Judá, ou pelo menos, da alta nobreza dessa nação (Dn 1.3). É possível que ele tenha nascido em Jerusalém, embora o trecho de Daniel 9.24, usado como apoio para essa ideia, não seja conclusivo quanto a isso. Entre doze e dezesseis anos de idade, Daniel já se encontrava na Babilônia, como cativo judeu entre todos outros jovens nobres hebreus, como Ananias, Misael e Azarias, em resultado da primeira deportação da nação de Judá, no quarto ano do reinado de Jeoiaquim. Ele e seus companheiros foram forçados a entrar no serviço da corte real babilônica. 

Daniel recebeu o nome caldeu de Beltessazar, que significa “príncipe de Baal”. De acordo com os costumes orientais, uma pessoa podia adquirir um novo nome, se as suas condições fossem significativamente alteradas, e esse novo nome expressava a nova condição (II Rs 23.34; 24.17; Et. 2.7; Ed 5.14). A fim de ser preparado para suas novas funções, Daniel recebeu o treinamento oriental necessário. Daniel aprendeu a falar e a escrever o caldeu (Dn 1.4) e não demorou para que se distinguisse por sua sabedoria e piedade, especialmente na observância da lei mosaica (Dn 1.8-16). O seu dever de entreter a outras pessoas sujeitou-o à tentação de comer coisas consideradas impróprias pelos preceitos levíticos, problema que ele enfrentou com sucesso.

A educação de Daniel se deu durante três anos, ao final dos quais ele se tornou um dos cortesãos do palácio de Nabucodonosor, onde, pela ajuda divina, conseguiu interpretar um sonho do monarca, para inteira satisfação deste. Tudo em Daniel impressionava o rei, pelo que ele subiu no conceito real, tendo-lhe sido confiados dois cargos importantes, como governador da província da Babilônia e inspetor-chefe da casta sacerdotal (Dn 2.48). Posteriormente, em outro sonho que Daniel interpretou, ficou predito que o rei, por causa de sua prepotência, deveria ser humilhado por meio da insanidade temporária, após o que seu juízo ser-lhe-ia restaurado (Dn 4). As qualidades pessoais de Daniel, como sua sabedoria, seu amor e sua lealdade, resplandecem por toda a narrativa.

Sob os sucessores indignos de Nabucodonosor, ao que parece, Daniel sofreu um período de obscuridade e olvido. Foi removido de suas elevadas posições, e parece ter começado a ocupar postos inferiores (Dn 8.27). Isto posto, ele só voltou à proeminência na época do rei Belsazar (Dn 5.7,8), que foi co-regente de seu pai, Nabonido. Belsazar, porém, foi morto quando os persas conquistaram a cidade. No entanto, antes desse acontecimento, Daniel foi restaurado ao favor real, por haver conseguido decifrar o escrito misterioso na parede do salão de banquete (Dn 5.2ss.). A essa altura dos acontecimentos, Daniel recebeu as visões registradas nos capítulos sétimo e oitavo, as quais descortinam o curso futuro da história humana, juntamente com a descrição dos principais impérios mundiais, que se prolongariam não somente até a primeira vinda de Cristo, mas exatamente até o momento da “parousia”, ou segunda vinda de Cristo.

O AMBIENTE HISTÓRICO

O próprio livro de Daniel descreve de maneira precisa o ambiente histórico e a época quando foi escrito. O cerco e a invasão que levou Daniel e seus companheiros príncipes ao exílio ocorreu no terceiro ano de Jeoaquim. Isso aconteceu nos primeiros dias da ascensão do império babilônico. Nabopolassar tinha se livrado do jugo da Assíria e, junto com seu filho, Nabucodonosor, estava subjugando todos os países do Oriente Próximo, além do Egito. Judá também caiu debaixo do poder da Babilônia. Desde 606 a.C., o ano do exílio de Daniel, até 536 a.C., o ano da queda da Babilônia diante de Ciro, da Pérsia, o reino babilônico ascendeu e entrou em decadência. Grande parte desse período foi ocupada pelo reinado do poderoso Nabucodonosor (606 até 561 a.C.). Nesse período, e no início do período persa, Daniel viveu e serviu. É provável que ele tenha ultrapassado a idade de noventa anos.

O período da vida e de serviço de Daniel coincidiu com uma época de muita turbulência internacional. A Assíria, que havia assolado as terras do Oriente Médio durante séculos, foi banida para sempre pelas forças conjuntas dos seus antigos súditos, os babilônios, os medos e os citas. O Egito, que por mil anos havia procurado controlar não somente a África mas as terras do Mediterrâneo oriental, foi reduzido à sujeição. A Babilônia ascendeu de forma meteórica. Sob o comando de Nabucodonosor, um líder militar, organizador político e construtor cívico, a terra dos caldeus assumiu uma posição de poder, prosperidade e liderança mundial muito além do que se tinha conhecido até então.

Mas, enquanto os antigos impérios estavam desaparecendo e um novo império escrevia sua breve mas brilhante história, o próprio povo de Daniel, o povo da promessa, estava passando por uma noite escura de provação. Exilados e longe da terra da promessa, servos em uma terra pagã, eles penduravam suas harpas nos salgueiros e aguardavam pelo romper do dia.

Embora o livro de Daniel apresente uma perspectiva mundial em suas implicações e que alcança o fim dos tempos, seu foco principal está nas terras do Oriente Médio e do Mediterrâneo. O livro não menciona os reinos e civilizações que precederam a época de Daniel. Ele não tem nada a dizer acerca de civilizações e da ascensão e queda de dinastias do Extremo Oriente, da China e da índia. Seu foco principal é a terra onde o drama da redenção deveria ser representado com seu evento-alvo, a vinda do Messias e a consumação do seu Reino.

MENSAGEM DO LIVRO

O livro de Daniel é o desvendar de um mistério. E, se por um lado desvenda o mistério, por outro, o envolve em surpresa e admiração, deixando grande parte do mistério da revelação em aberto. Daniel era um homem de extraordinária sabedoria e percepção. Vivendo no meio de grandes e repentinas mudanças mundiais, ele foi capaz de manter seu equilíbrio e sanidade, observando o que estava acontecendo com um olhar atento. Ele serviu a reis. Ele foi um valoroso conselheiro de governantes. Porém, mais importante de tudo, ele tinha um relacionamento íntimo com o Deus dos céus. Ele estava com os seus pés firmemente plantados na terra, entre os acontecimentos terrenos. Mas, a sua cabeça ficava numa atmosfera mais clara; ele vivia diante da realidade de coisas eternas.

Algumas verdades tomam-se claras na mensagem de Daniel, revelando o plano de Deus para a Terra e seus habitantes. 
  1. Em primeiro lugar, poderes terrenos e circunstâncias são temporários. As tiranias mais poderosas ficam no poder durante um curto período. 
  2. Em segundo lugar, Deus faz com que a ira do homem acabe se transformando em louvor a Ele e faz com que todo o resto seja impedido. Tanto Nabucodonosor, o déspota enfurecido, quanto Ciro, o soberano sábio e cordial, testificaram dessa verdade. 
  3. Em terceiro lugar, Deus mantém as suas promessas para o seu povo; Ele não esquece. 
  4. Em quarto lugar, Deus tem seu próprio tempo para realizar a sua obra. Ele nunca se adianta nem se atrasa. 
  5. Em quinto lugar, os reinos desse mundo são designados para dar lugar ao reino do nosso Senhor e do seu Cristo. 
  6. Em sexto lugar, embora Deus tenha uma visão eterna e cósmica, Ele tem um interesse amoroso em relação aos afazeres mais insignificantes de um indivíduo.

O livro de Daniel foi um livro para Daniel e para o atribulado povo remanescente de Deus dos seus dias. Esse também é um livro para todas as gerações, designado para manter a história em perspectiva. O livro continua sendo relevante para os nossos dias. Certamente, estamos mais próximos do tempo da consumação do Reino de Deus do que qualquer povo que viveu antes de nós. Em dias de profunda escuridão e conflitos cruciais, vamos extrair esperança e coragem da mensagem transmitida a Daniel.



Prof. Anaildo Silva
Teólogo e Jornalista


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