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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

BREVE REFLEXÃO SOBRE A OBRA DE MARX

Para iniciar nosso estudo sobre Marx, vejamos algumas crí­ticas à sua obra:
                Sua obra é criticada e qualificada como superada, mas tal fato normalmente ocorre sem que as pessoas efetiva­mente conheçam o que ele escreveu!
                Seus críticos atribuem a ele a culpa pelo fracasso dos Es­tados que adotaram o chamado "socialismo real". No en­tanto, ele nunca chegou a ocupar um cargo em qualquer governo revolucionário, e sua teoria nunca chegou a ser integralmente aplicada, tendo falecido antes de qualquer tentativa efetiva de revolução socialista.

Não há maneira melhor de tentar vencer uma disputa teórica do que procurar desqualificar o oponente, ainda mais quando este é extremamente preparado. Desqualificando o seu opositor, a pessoa procura ganhar o debate sem ter necessidade de efetivamente pro­var seus próprios pontos: o objetivo é tornar-se vencedor, tentando mostrar que o adversário não é tão capacitado quanto a pessoa que o critica. Desse modo, foge-se do verdadeiro debate.
Poucos pensadores na história da humanidade possuem a densida­de de Karl Marx. Sua obra teórica é muito maior do que seus discursos políticos. Assim, antes de ser um revolucionário, de defender a transfor­mação radical da nossa sociedade, ele era um intelectual. Para entrarmos na discussão proposta por Marx acerca da religião, vamos refletir sobre os aspectos gerais da sua teoria.
O motor da História é a luta de classes
A teoria elaborada por Marx é chamada de materialismo histórico dialético. Para entendê-la, precisamos, inicialmente, ter clareza sobre o significado de cada um dos seus termos:
                Materialismo: o termo remete-nos à ideia de material, de ma­téria, portanto, àquilo que existe concretamente. Esse conceito nos indica um tipo de teoria centrada naquilo que existe de con­creto na sociedade, distante das abstrações metafísicas, que são comuns no pensamento místico.
                Histórico: Marx era um grande conhecedor da História e pro­curava sempre contextualizar suas reflexões com uma rica des­crição dos períodos. Desse modo, sua teoria analisa a evolução histórica da humanidade, enfatizando a interpretação dos dife­rentes modos de produção empregados pelos homens ao longo dos tempos.
                Dialético: o pensamento dialético admite a sua própria contradi­ção como parte da mesma argumentação. Um método de refle­xão é apresentado em três partes: tese, antítese e síntese.

Observe que, ao utilizar esse método, partimos de algo para o seu contrário, chegando, então, a uma nova definição. Em termos de análise histórica, ele indica a reinterpretação do passado, utilizando o presente como base, mas visando traçar o futuro.
Precisamos entender a forma pela qual Marx interpretava todo o processo histórico e a realidade de seu tempo.
Ele viveu em uma época marcada pelos avanços cada vez mais sur­preendentes da Revolução Industrial. Surgiam novas máquinas e novos produtos, parecendo anunciar um novo mundo, ao qual Marx estava de­
sinteressado, pois, em seu entender, esse novo mundo não tinha nada de tão novo assim.
O foco de suas preocupações eram os efeitos dessa nova re­alidade na vida dos trabalhadores assalariados. Nesse aspecto, o que ele presenciava não era nada a ser buscado com ansiedade:

1) jornadas de trabalho superiores a 14 horas diárias;
2) mulheres e crianças trabalhando o mesmo número de horas que homens adultos, mas recebendo bem menos;
3) ambientes de trabalho insalubres, tanto pela falta de hi­giene quando pela estrutura física das fábricas, normal­mente mal ventiladas;
4) condições de moradia piores para os trabalhadores;
5) alimentação precária;
6) fiscalização e vigilância constante no ambiente de tra­balho;
7) salários tão reduzidos que mal chegavam a garantir o sustento de um único trabalhador, criando a necessida­de de que toda família trabalhasse;
8) repressão policial truculenta em caso de manifestações por melhores condições de trabalho.
Note que, na sociedade industrial, o trabalho, ao mesmo tempo em que era a fonte da riqueza do dono da fábrica, pois este vendia o que era produzido, era, também, parte de seu prejuízo, expresso no pagamento dos salários dos trabalhadores. Como a tendência do capitalismo é minimizar tudo o que é prejuízo, os salários foram, então, reduzidos ao mínimo, ou seja, somente o necessário para garantir a sobrevivência do trabalhador. A ques­tão seria, então, que o operário, o chamado proletário, produzisse grandes lucros para seu patrão, o burguês, mas não recebesse um salário equivalente aos lucros que gerou.

O termo proletário indica a pessoa que nada possui de seu, a não ser a própria prole. Historicamente, burguês seria o morador do burgo, da cidade, que, portanto, não se dedicava aos trabalhos agrícolas, mas, sim, às atividades artesanais e mercantis.
Quanto mais rápido se acumula o capital numa cidade industrial ou co­mercial, tanto mais rápido o afluxo do material humano explorável e tanto mais miseráveis as moradias improvisadas dos trabalhadores. Newcastle­-upon-Tyne, como centro de um distrito carbonífero e de mineração cada vez mais produtivo, ocupa, depois de Londres, o segundo lugar no inferno da moradia. Nada menos que 34 mil pessoas vivem lá em moradias de uma só peça. Por serem extremamente prejudiciais à comunidade, a polí­cia fez há pouco demolir um número significativo de casas em Newcastle e Gateshead. O avanço da construção das novas casas é muito vagaroso, o dos negócios muito rápido. Por isso, em 1865 a cidade estava mais super­lotada do que em qualquer momento anterior. Quase não havia um único quarto para alugar. O Sr. Embleton, do Hospital de Febres de Newcastle, afirma:
Não se pode duvidar de que a causa da persistência e propagação do tifo é a excessiva aglomeração de seres humanos e a falta de higiene em suas moradias. As casas em que os trabalhadores freqüentemente vivem situ­am-se em becos cercados e pátios. Quanto a luz, ar, espaço e limpeza, são verdadeiros modelos de insuficiência e insalubridade, uma desgraça para qualquer nação civilizada. Ali, à noite, homens, mulheres e crianças deitam­-se misturadamente. No que tange aos homens, o turno da noite segue ao turno do dia em fluxo ininterrupto, de modo que as camas quase não têm tempo de esfriar. As casas são mal supridas de água e, pior ainda, de priva­das; são sujas, mal ventiladas e pestilentas (MARX, 1988, p. 213).
Por isso, a transformação da sociedade capitalista (seu desapareci­mento) era defendida por Marx! Construir um novo modelo de sociedade era uma urgência que sua visão crítica não podia deixar passar.

Prof. Anaildo Silva
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